Quando refletimos acerca do assunto em epígrade, algumas questões são rapidamente lembradas: qual a maneira correta de tratar os animais segundo a visão espírita? O vegetarianismo é adequado? Deve-se abolir a criação animal? É certo criar animais de companhia?
Quer seja de produção, de companhia ou silvestre, a resposta inicia-se pela compreensão evolutiva do próprio ser humano.
Kardec (A Gênese, 1868) explica que entre os seres inferiores da criação não existe ainda o senso moral como no ser humano (porém é conhecido que, de maneira mais rudimentar, o senso de moral exista sim em alguns animais), de certa maneira, o instinto ainda impera. Desta forma, a luta entre estes seres ocorre para suprimento de uma satisfação material, que na maior parte das vezes é a da alimentação.
No início da fase hominal, o instinto animal e o sentimento moral se contrabalançam, o homem então luta, não mais para se nutrir, mas para satisfazer sua ambição, seu orgulho, a necessidade de dominar; para isso, ainda lhe é necessário destruir. Porém, à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue (Kardec, A Gênese, 1868).
Quando Kardec escreveu em O Livro dos Espíritos (1857) "(...) a carne alimenta a carne(...)", pode-se perfeitamente entender a ideia inserida no contexto histórico, pois tratava-se de uma época em que não se tinha o conhecimento que hoje se tem sobre a alimentação vegetariana.
Lembremos André Luiz em Missionários de Luz já em 1943:
"Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente. Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte."
Segundo a literatura e filosofia espírita, sabe-se que a proximidade dos seres não-humanos e humanos é de extrema importância, pois a evolução espiritual de ambos é muito beneficiada com este contato. Assim, a criação de outros animais não é errada, porém é necessário atentar-se a qual tipo de relação homem - outro animal está presente nas criações, pois segundo o Espiritismo (Kardec, A Gênese,1868) a Natureza traça o limite das necessidades, e os vícios alteram a constituição e criam necessidades que não são reais.
Nós do blog Animais e o Espiritismo, acreditamos que uma relação homem - outro animal em que só imperem os interesses humanos, não é uma relação equilibrada, o que, infelizmente, acontece no processo de produção de carne. Quando relatamos a relação que se estabelece entre animais que produzem leite, ovos, mel, lã, e o homem, esta relação pode ser saudável para ambos os lados.
Atualmente, sabe-se que uma alimentação vegetariana é perfeitamente possível à uma vida saudável (sugerimos a leitura do livro Virei vegetariano, e agora?, autoria de Dr. Eric Slywitch - veja também seu site: Alimentação sem carne).
Lembremos André Luiz em Missionários de Luz, 1943:
"Esquecíamo-nos de que aumento dos laticínios, para enriquecimento da alimentação, constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a Humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado."
Referências Bibliográficas
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