O texto a seguir foi escrito pela amiga e leitora do blog Mariana Medina Rodrigues de Lima.
Mariana, agradecemos imensamente por sua contribuição na divulgação do amor e do respeito para com os animais não-humanos e por compartilhar essa bela história conosco.
Para compartilhar sua história conosco, acesse: Escreva sua história!
"Hoje poderia ser um dia normal, como qualquer outro sábado chuvoso... Já havia escurecido quando eu e meu marido terminamos de passar em algumas lojas para comprar coisas para casa e comida para nossos três gatos. Foi então que meu sábado mudou. Ao sair do pet shop, exatamente na hora em que eu estava passando pela porta, uma senhora chegou com uma caixa que, em vão, tentou deixar aos cuidados de uma funcionária da loja, dizendo:
- Eles estavam na avenida, não podia deixá-los lá, pois iriam morrer. E não posso ficar com eles.
A funcionária nem se mexeu. Então a senhora resolveu deixar a caixa na porta e saiu. Eu não poderia ver esta cena e simplesmente ir embora. Eu sei que a maioria das pessoas iria, mas eu não conseguiria fazer isso. Fui em direção à caixa com medo do que encontraria, temi que estivessem feridos. Mas com coragem a abri, eram dois gatinhos, tinham por volta de um mês de vida, com os olhinhos tristes e cansados. Eu estava com vários pacotes de comida pronta para filhotes, pois havia acabado de comprar para alimentar a filhotinha que resgatei da rua há quase um mês atrás. Não pensei duas vezes, abri a sacola e dei a eles comida, o que prontamente começaram a comer desesperados.
Enquanto eu alimentava os filhotes, algumas pessoas que entravam ou saíam da loja se aproximavam para ver o que havia na caixa, elas se compadeciam, mas ninguém queria se comprometer a cuidar deles. Depois de algum tempo que eu estava ali, apareceu um casal, eles pegaram os filhotes no colo e então eu perguntei se poderiam ficar com eles. Os dois se olharam e disseram que sim. Dei a eles vários pacotes de comida e os agradeci imensamente. Finalmente pude sair aliviada, pois com três gatos em casa não seria moleza levar mais dois! Mas em hipótese alguma eu poderia deixá-los alí sem socorro. Até porque só eu vi a cena (e a funcionária que nada fez), se eu não abrisse a caixa ninguém saberia o que havia dentro dela. Então, agora eu entendo que quando eu rezo e peço a Deus para que eu não veja animais sofrendo ou abandonados, ele simplesmente não pode me atender. Como uma amiga me falou um dia, “Deus sabe a quem pedir”... É a mais pura verdade!
Depois que eu havia resolvido o principal, tive tempo de pensar na atitude da funcionária da loja. Quer dizer que uma loja imensa com comida, medicamentos, veterinário, dinheiro, não pode fazer nada por um animal abandonado? Acho que no mínimo a empresa já deveria ter criado procedimentos para estes casos. Penso que é uma questão de ética, de amor por aquilo que se faz. Todos os profissionais das mais diversas áreas deveriam ter esta ética. Como professora não nego ajuda a quem venha me procurar com uma dúvida ou pedindo conselho. Nenhum médico deveria negar atendimento à uma pessoa enferma. E nenhum pet shop poderia se eximir da responsabilidade de auxiliar um animal abandonado. Se isto virasse regra viveríamos num mundo maravilhoso, e o melhor, cada um faria um pouquinho, nada além do seu alcance, e ninguém ficaria sobrecarregado. Mas todo mundo só pensa em ganhar dinheiro. Resultado: pessoas vazias, sem amor e infelizes, pois nada vem "de graça", sem merecimento.
E meu sábado “normal” não parou por aí. Depois do alívio, resolvemos assistir ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, que, em minha opinião, mereceu cada prêmio que ganhou, pois, para dizer o mínimo, é um filme ENCANTADOR. Fala sobre amor, perda, família, livros, cinema. Mas o que é mais marcante no filme é o fato de ele deixar claro que tudo tem uma razão de ser. O personagem principal, Hugo, diz em uma das cenas mais belas do filme:
“Tudo tem um propósito, até as máquinas. Os relógios dizem as horas, os trens levam a lugares... Por isso as máquinas quebradas me deixam triste, não servem aos seus propósitos. Talvez seja assim com as pessoas. Perder o nosso propósito é como estar quebrado...”
“Quando eu era pequeno, imaginava que o mundo inteiro era uma grande máquina. As máquinas nunca vêm com peças sobressalentes, vêm sempre com a quantidade certa que precisam. Então entendi que se o mundo fosse uma grande máquina, eu não poderia ser uma peça sobressalente. Eu tinha que estar aqui por alguma razão...”
E é assim que, em um dia que tinha tudo para ser absolutamente normal, eu aprendi ou confirmei uma ideia que já andava pairando faz tempo sobre a minha cabeça, que as coisas mais importantes da vida são as mais simples e as mais urgentes, e que não existe outra forma de sermos felizes ou plenos senão praticando o bem por toda a parte. Se cada ser vivo ou coisa tem seu propósito de ser, é nossa responsabilidade buscar dentro de nós aquilo que temos para oferecer de melhor e doar isto de coração. Pra mim nada é mais importante do que proteger uma vida, seja ela qual for. E nenhuma vida é mais ou menos importante do que a outra. E com isso claro, agradeço pelo dia de hoje e por tudo que tenho, principalmente por aquilo que é invisível aos olhos..."
Por: Mariana Medina Rodrigues de Lima
Formada em Letras pela USP
Professora de Educação Infantil da Prefeitura do Município de São Paulo
Defensora da causa animal
Relato emocionante e verdadeiro.
ResponderExcluirParabéns pela conduta.
Gratidão pelo bem que fez aos gatinhos.
Axé!!!
Belíssimo texto, parabéns.
ResponderExcluirLindo texto. Realmente, se as pessoas não fechassem ou olhos ou dissessem menos "não posso" o mundo seria melhor. Até porque, se existe abandono e dor eles são causados por pessoas. O mínimo que podemos fazer é tentar remediar essa dor... tb não sei fechar os olhos... acredito que tudo o que está no meu caminho é porque Deus acredita que posso dar conta.
ResponderExcluirDenise
Muito bom saber que ainda existem pessoas assim.
ResponderExcluirParabéns!
James Patrick