quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O paradoxo na relação homem-outros animais





“A relação subjetiva entre homens e ‘bichos’ transformou-se. Diferentemente de seus ancestrais, o animal contemporâneo não é uma simples companhia ou protetor, mas um membro da família humana” (Delarissa e Mattioli, 2007). Conforme estes autores, a afetividade com os animais é herança de nossos antepassados; mas na atualidade, esta relação é muito mais próxima e complexa. Interagimos com eles de forma mais profunda, buscando, muitas vezes, alívio para nossas angústias. Mais do que companhia eles são provedores de afeto, ajudando no resgate ou estímulo de aspectos lúdicos e cognitivos.

Esta maravilhosa interação psíquica entre o homem e as demais espécies animais, possibilita que nossos irmãos menores sejam importantes auxiliares em processos terapêuticos; recurso utilizado desde o final do século XVIII. Como exemplo, os animais despertam os sentimentos de sociabilidade e de fraternidade em humanos com doenças mentais (Althausen, 2007).

Sob qualquer ângulo que façamos a análise, verificaremos que o vínculo homem-animal transcende o plano físico, onde nós espíritos temos os sentidos conscienciais parcialmente bloqueados pela matéria densa que nos envolve. O que quero dizer com isso? Que a relação homem-outros animais é muito profunda, muito mais do que podemos imaginar. Entre nós existe uma interdependência inexorável, subconsciente em diversas situações.

O já abordado efeito terapêutico que os outros animais podem exercer sobre nós é um indicador indiscutível de efetiva interação energética. É de conhecimento da população que muitos hospitais, asilos, escolas, etc.., usam o recurso da zooterapia, com resultados impressionantes.

A presença do animal estimula questões relativas à memória, bem como os processos cognitivos, motiva pacientes a enfrentar tratamentos difíceis, facilitam a recuperação física e estimulam a criatividade e a predisposição ao aprendizado de crianças com atraso no desenvolvimento físico e mental (Leal e Natalie, 2007). Estas autoras citaram pesquisa publicada em 2001 por Johannes Odendaal e Susan Lehmann, cujos resultados demonstraram que a interação entre seres humanos e cães promove, em ambos, alterações hormonais que influenciam a concentração de endorfinas beta, febilatalamina, prolactina e oxitocina, por períodos médios de 15 minutos. Estas substâncias diminuem a ação do cortisol (hormônio do estresse), provocando sensação de bem-estar.

No Brasil, ainda nas décadas de 50 e 60 do século passado, a psiquiatra Nise da Silveira observou que esquizofrênicos se relacionavam muito facilmente com cães. A partir de sua experiência, ela desenvolveu o conceito de “afeto catalisador”. Neste caso, o animal desempenha o papel de co-terapeuta, agindo como ponto de apoio a partir do qual o doente passa a organizar-se psiquicamente.

Muito mais informações científicas poderíamos acrescentar a este respeito. Entretanto, temos plena condição e convicção de afirmar, que a convivência harmônica com os animais é essencial à qualidade de nossa vida neste planeta.

Agora o paradoxo: se por um lado amamos algumas espécies animais e delas nos beneficiamos emocional e energeticamente; porque permitimos que outras sejam cruelmente mortas para que seus corpos físicos satisfaçam nossos caprichos gastronômicos?

A resposta da maioria dos seres humanos seria: porque a carne é essencial à saúde.

Trata-se de um paradigma antiquíssimo e ultrapassado. A ciência da nutrição já comprovou que podemos viver muito melhor sem carne. Sejam gestantes, crianças, jovens, adultos, idosos, enfermos ou atletas, todos passariam muito bem sem os alimentos provenientes das Indústrias da Morte. Está demonstrado pela ciência médica que vegetarianos são menos sujeitos às doenças não transmissíveis, como hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, câncer, etc.

Portanto, se buscamos a evolução moral, já é passado o momento de mudarmos os velhos conceitos. Enquanto milhões de metros cúbicos de sangue precisam correr a cada dia para atender nossos hábitos alimentares primitivos; enquanto 13 milhões de hectares de florestas tiverem que ser destruídas anualmente, para criação de animais que já nascem por nós condenados à morte, ou para produzir grãos destinados, em sua maioria, à alimentação deles, sendo que poderiam ser utilizados diretamente pelos humanos; não haverá justiça, nem paz, nem equilíbrio neste planeta habitado por espíritos ainda infantis e inconscientes das verdades da Vida Maior.

Abraços!

Literatura citada:
Authausen, S. Afeto que Cura. Revista Mente e Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, nº 169, 48-55, 2007.
Delarissa, F. A. e Mattioli, O. C. Objetos de Amor. Revista Mente e Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, nº 169, 56-61, 2007.
Leal, G. e Natalie, K. Animais Terapeutas. Revista Mente e Cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, nº 169, 40-46, 2007.

2 comentários:

  1. Muito lindo e esclarecedor o texto!
    Parabéns.
    Beth

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  2. Aqui vai uma dica para quem tenta acessar seu blog pelo celular,

    http://nososcachorros.blogspot.com/2012/02/como-configurar-seu-blog-para-celular.html

    Abraxos.

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