domingo, 15 de julho de 2012

Inteligência animal (parte 2)


Queridos amigos!
Ficamos alguns dias sem postagens, devido a imprevistos!
Estamos de volta com as reflexões que tanto nos encorajam ao amor para com os pequeninos!
É bom saber que os amigos estão sempre por perto!
Grande abraço!
Fernanda
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            Por Edson Ramos de Siqueira
Edson é colunista do blog Animais e o Espiritismo e participa do Projeto Alma Animal


Alex, o famoso papagaio cinzento que tanto contribuiu para a ciência do comportamento animal, tinha pavor de tornados. Segundo sua tutora, a cientista Irene Pepperberg, ele percebia a alteração da pressão atmosférica antes de qualquer ser humano. Relatou Irene:- “A única coisa que o acalmava nas horas de tempestade era o concerto de Haydn para violoncelo, que o deixava em um estado semelhante ao de transe; o corpo balançava suavemente e os olhinhos quase se fechavam”.

Outra característica comportamental de Alex era tomar o controle da situação, quando pedia alguma coisa. Escreveu Irene:- “Deixava bem claro e com muita rapidez para os recém chegados, que teriam que lhe prestar obediência”.

Certa feita, ela precisou viajar. Solicitou à Barbara Katz, experiente tratadora de aves, que cuidasse de Alex. Transcrevo a seguir, o relato de Barbara:-

Pensei que seria simples. Cheguei ao laboratório no início da tarde e encontrei Alex todo feliz enquanto destruía um pequeno armário velho à frente dos alunos, que observavam sem saber o que fazer.

“Olá Alex. Como vai?”
“Quero noz”, ele declarou com uma charmosa voz melodiosa.
“Alex”, falei calmamente, “você come nozes demais. A Irene disse que eu deveria oferecer fruta quando você pedisse guloseimas. Que tal uva?”
“Quero noz”.
“Nada de nozes. Que tal banana?”
“Quero noz”.
“Está bem, só uma”.

Destampei a lata, peguei uma noz e estiquei a mão para ele. Habilmente, Alex se esticou e pegou-a. Mordiscou-a, comendo-a aos pedacinhos até terminar e só restar umas migalhas no canto do bico.

“Quero noz”.
“Não, você já ganhou uma. Que tal uva?”
Senti que vinha encrenca.
“Quero água”.
“É uma boa idéia Alex”. Estendi sua pequena xícara de plástico branca. Ele tomou dois pequenos goles, depois puxou a xícara da minha mão e atirou-a resolutamente no chão.
  Para aquelas pessoas que desconhecem a conexão entre as mentes humanas e dos outros animais, este relato mais parece um trecho de uma estória infantil. Mas é real; além de não se tratar de um fato isolado, referente a um único animal fora de série. A diferença de Alex para os demais indivíduos da espécie, é que ele teve a oportunidade de desenvolver seu potencial cognitivo. Isto é válido para qualquer espécie animal. Por exemplo: se o ser humano não dispuser de um ambiente educacionalmente favorável, como poderia desenvolver uma mente saudável, usufruindo de toda potencialidade de sua inteligência? Este mesmo processo educacional explica porque nos deparamos com tantos cães maravilhosamente bem comportados e obedientes, e tantos outros insuportáveis sob a ótica comportamental. Que tipo de educação cada um recebeu?

Ainda em relação à conexão das questões relativas à mente humana e dos outros animais, referida no início do parágrafo anterior, ilustro com palavras do etólogo cognitivo Frans De Wall:- “Chimpanzés são sempre destaque em zoológicos. São engraçados – mas não porque as macaquices sejam cômicas. Eles causam risos porque os espectadores humanos se reconhecem nesses primatas, cujo material genético é 98% idêntico ao seu”.

Encerrarei este capítulo sobre o tema “inteligência animal”, com uma citação do médico psiquiatra Augusto Cury:- “Na infância, juventude e vida adulta, o patrimônio genético continuará influenciando a construção de experiências. Mas se o ambiente educacional estimular as funções complexas da inteligência, se o processo de formação da personalidade for saudável e se o Eu for bem construído como gerente da psique, o patrimônio genético não terá prevalência, ainda que os pais tenham transtornos psiquiátricos de fundo genético”.

Ou seja, a educação é a base de todo o processo evolutivo espiritual, independentemente da espécie animal. 

Referências bibliográficas adicionais
Cury, A. . A fascinante construção do Eu. São Paulo: Planeta, 2011. 192p.
Wall, F.. Eu, primata: por que somos como somos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 331p. 

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