Por Sirlei Aparecida Maestá, Profª. Drª. de
etologia da UNESP/Câmpus de Dracena
No dicionário português a palavra Senciência,
ainda não é encontrada, originada do latin sentire que significa sentir, “é a
capacidade de sofrer, sentir prazer ou felicidade”. O conceito de animais
sencientes, ou capazes de experimentar estados afetivos positivos e negativos,
tornou-se nos últimos 30 anos, um tema de grande interesse . No entanto, um
exame mais detalhado da história revela que o interesse pelo tema não é tão
recente assim.
Foto: Fernanda Vieira
Outro tema bastante discutido atualmente, principalmente no meio acadêmico, e exigido pela população e o bem-estar animal, todavia, para estudá-lo é necessário acreditar que a senciência existe. E constatá-la não é uma tarefa fácil cientificamente, entretanto, vários trabalhos têm comprovado sua existência.
Hötzel et al. (2005) demonstraram em um trabalho
com vacas leiteiras, que os animais são capazes de sentir medo. Neste trabalho
foram avaliados dois ordenhadores, onde um se apresentava neutro e o outro
apresentava um comportamento aversivo. O estudo concluiu que os animais
mantinham uma distância de fuga maior do ordenhador aversivo, ou seja, elas
memorizaram e o identificaram como um perigo. Um estudo realizado na UFPR com
codornas japonesas de postura avaliou o comportamento compensatório de aves que
foram criadas confinadas em gaiolas industriais e depois colocadas em um
ambiente enriquecido. Observou-se durante a pesquisa que essas aves, no novo
ambiente, exerciam atividades como ciscar e tomar banhos de areia na maior
parte do tempo, e a isso se dá o nome de comportamento compensatório. Elas
exerciam tais comportamentos com maior freqüência que aves que foram criadas
nesse ambiente.
Outra teoria da existência da senciência está
baseada no fato de que os animais vertebrados apresentam todas as estruturas
cerebrais envolvidas com os sentimentos em seres humanos. Segundo Peter Singer,
a parte do cérebro associada às emoções e aos sentimentos, o diencéfalo, está
bem desenvolvida em muitas espécies animais, particularmente nos mamíferos e
pássaros. Por meio dessas semelhanças anatômicas, os cientistas têm observado
que os animais respondem fisiologicamente à dor física e psíquica (medo,
ansiedade, depressão, stress) da mesma maneira que os humanos o fazem. Por
isso, quando sentem alguma dor, os animais se comportam de um jeito muito
parecido com o dos humanos, e o seu comportamento é suficiente para justificar
a convicção de que eles sentem dor e, portanto, são conscientes.
Ao reconhecermos o sofrimento animal, temos a
obrigação ética e moral de evitar o seu sofrimento desnecessário, pois segundo
as palavras do próprio Charles Darwin: “Não existe nenhuma diferença
fundamental entre o ser humano e os animais superiores em termos de faculdades
mentais. A diferença entre a mente de um ser humano e de um animal superior é
certamente em grau e não em tipo”.
A única diferença é que o ser humano ter a faculdade de SER MAU...
ResponderExcluirApoiado, Rosa Carioca. Exactamente. Nenhum animal na Natureza é tão cruel como o dito HOMEM. Tortura e mata por prazer.
ExcluirLindo lindo, parabéns pelo artigo.
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