quarta-feira, 30 de março de 2011

Especialistas alertam sobre tratamento humanizado aos animais de estimação

Instituto de Psicologia

Os cães estão mais humanos. Demasiadamente humanos. Com roupas e nomes de gente, vão à creche de perua escolar, passeiam no shopping, fazem sessões de spa. De melhores amigos foram promovidos a filhos.

"O cachorro é o centro de muitas famílias (...). É ele quem une as pessoas", diz a antropóloga Mirian Goldenberg.

A mestiça de shih-tzu com maltês tem dois anos e meio e quase os mesmos privilégios de uma criança mimada da sua idade.
Dorme com o casal (que não tem filhos), vai à creche de segunda a sexta-feira para ter aulas de adestramento e ganha presentes da Barbie. "Diva é a nossa filhinha", diz a "mãe".


Não é preciso ir mais longe: sobram evidências para o que os especialistas chamam de antropomorfismo ou humanização -atribuir aos bichos características e sentimentos humanos.

As hipóteses para explicar o fenômeno são muitas. "A configuração da família está mudando. Cresce o número de pessoas sozinhas e com dificuldade de se relacionar", comenta Goldenberg.

Para o psiquiatra Elko Perissinotti, vice-diretor do Hospital Dia do Instituto de Psiquiatria do HC, o contato com animais de estimação tem a mesma função do contato interpessoal: suprir carências afetivas.

"É uma relação benéfica e prazerosa. O simples toque em um animal libera hormônios que aumentam a disposição para contatos sociais, entre outros benefícios."

Da brincadeira divertida para a relação pai e filho é um pulo. Segundo a veterinária e psicóloga Hannelore Fuchs (ela é uma das idealizadoras do projeto Pet Smile, de terapia assistida com animais), o grande atrativo que faz os bichos serem humanizados é que eles são fontes certeiras e inesgotáveis de afeto.


Um cão não reclama se você chegar tarde e sempre está disposto a dar uma volta. "É o relacionamento perfeito. Podemos desabafar sem receber críticas. Colocamos eles no patamar afetivo de seres humanos e preenchemos um vazio", diz Hannelore.

O problema não é chamar de filho ou dar regalias ao bicho, segundo o psiquiatra Alvaro Ancona de Faria, professor da Unifesp.

"O problema é idealizar a relação e projetar no animal um comportamento que não é de sua natureza. Como é mais fácil de controlar, a pessoa acha que é uma relação perfeita e acaba ficando desestimulada de criar outros vínculos sociais."
 
Para cães e gatos, serem tratados como crianças também não faz bem. "As necessidades básicas dos animais podem ser esquecidas", diz Ceres Berger Faraco, veterinária e terapeuta animal.

Em sua clínica, a terapeuta atende famílias com "cachorros-problema". "São cães agressivos e que não podem conviver em grupo. Eles ficam assim porque são tratados como gente."



Não custa passar o lembrete de Cesar Ades, professor do Instituto de Psicologia da USP e um dos pioneiros no estudo de comportamento animal no Brasil: apesar de o contato com bichos fazer bem, nunca vai substituir a relação com outras pessoas.

"São coisas diferentes. O cachorro nos dá coisas que o ser humano não dá, e os animais não dão tudo que os humanos dão. Eles nos dão uma alegria canina. Só isso já é culturalmente válido."

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