Reflexão importante sobre os animais - LM

Estudemos um importante trecho em referência aos animais transcrito de O Livro dos Médiuns - LM (cap. XXII, da mediunidade dos animais):

                               "Desse progredir constante, invencível, irrecusável, do Espírito humano e desse estacionamento indefinido das outras espécies animais, haveis de concluir comigo que, se é certo que existem princípios comuns a tudo o que vive e se move na Terra: o sopro e a matéria, não menos certo é que somente vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a inevitável lei do progresso (1º), que vos impele fatalmente para diante e sempre para diante. Deus colocou os animais ao vosso lado como auxiliares, para vos alimentarem, para vos vestirem, para vos secundarem (2º)."

É necessário cautela ao interpretar este trecho, pois o equívoco em sua interpretação pode ser cometido com certa facilidade. Analisaremos 2 pontos deste trecho.

1º) Sabe-se que, por diversas vezes, foi relatado nas obras da Codificação que tudo na Natureza se encadeia e que tudo está submetido à lei do Progresso. entretando no trecho analisado, o Espírito Erasto parece passar a ideia de que apenas o ser humano estaria sujeito a tal lei. Diante disto, vejamos o que Eurípedes Kuhl relata em seu livro Animais, nossos irmãos:

                              "O texto deve ser compreendido em função do assunto, não se tirando ilações contrárias aos princípios fundamentais da Doutrina, o que seria absurdo. O Espiritismo ensina que tudo evolui no Universo, desde a matéria bruta até os Espíritos superiores. Os animais também evoluem, mas sua evolução é forçada e lenta, produzida por influências exteriores, enquanto a humana é determinada de dentro, pela consciência do espírito já esclarecido do homem. O Espírito comunicante serviu-se das condições de aparente estabilidade da vida terrena para ilustrar o ensino. Trata-se apenas de um recurso literário, aliás bem aplicado, e que deve ser entendido como tal." 

2º) Allan Kardec e os Espíritos na questão 607 de O Livro dos Espíritos relata: "Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes, sem futuro, fora blasfemar de Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas", diante disto não podemos acreditar que os outros animais apenas estariam na Terra para serem usados pelo homem.

No trecho analisado (LM), os animais estão ao lado do ser humano "como auxiliares" e não como meros intrumentos para serem utilizados. Existe uma tendência quando se lê neste trecho os verbos "alimentar" e "vestir", remete-se, quase que instintivamente, nas palavras carne (alimentar) e couro (vestir), esquece-se que os animais estão sim na Terra também para auxiliar-nos, mas também necessitam do auxílio humano. Ovos, leite, mel, lã, fibra têxtil não são necessariamente produtos oriundos de dor e muito menos de morte.

Em nenhum momento os Espíritos relatam a morte animal como "tarefa" de auxílio que seres evolutivamente inferiores teriam para com o homem. É certo que naquela época (o LM  foi publicado em 1861), a interpretação poderia ser esta, pois mal se conhecia os princípos de uma dieta em que a carne não estaria inclusa. Hoje, não se pode ter a mesma interpretação diante de tantas obras de Espíritos como Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes entre tantos outros que relatam o amor e respeito para com os outros animais. Diante da ciência, não é mais justificado o consumo de carne para uma boa saúde  (leia também: A visão espírita e a relação homem e outro animal).

Referências Bibliográficas

O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

O Livro dos Médiuns (Allan Kardec)

Animais, nossos irmãos (Eurípedes Kuhl)